“A Access Lab é uma Startup de Impacto que trabalha para garantir o acesso de pessoas com deficiência, surdas e neurodivergentes à cultura e entretenimento. Nasceu na Casa do Impacto, com apoio do PLUS, e é um modelo de negócio de Impacto que tem vindo a afirmar-se através dos clientes diretos, investimento filantrópico e o trabalho com marcas. O Impacto e a melhoria do acesso a eventos são sempre os nossos princípios norteadores.”
Tiago Fortuna – Co-Founder & Co-CEO Access Lab
Qual é a vossa abordagem aquando da procura por Parceiros que estejam disponíveis para levar a Acessibilidade e Inclusão a eventos como os festivais de música?
Respeitar a comunidade, escutá-la e resolver problemas sociais. Dar também visibilidade, através do privilégio que esses Parceiros têm no mercado, para elevar comunidades marginalizadas. É um trabalho de convergência e união humana para criar experiências de Impacto.
Quais foram os maiores desafios enfrentados na implementação destas iniciativas em eventos com esses, de tão grande dimensão?
A velocidade do mercado e a necessidade de sermos horizontais na escuta da comunidade. Seria fácil trabalhar as comunidades sem escutá-las em cada passo do processo, mas isso desvirtuaria a nossa missão. É preciso escutar, criar diálogo e um sentido de democracia e tolerância muito fortes para termos Impacto. Isso, numa máquina económica voraz nem sempre é fácil, mas é possível.
Acreditam que iniciativas de Acessibilidade como as que a Access Lab promove no contexto dos festivais de música e outras atividades culturais vai continuar a evoluir e a generalizar-se a outros setores? A Sociedade está aberta à Inclusão nesse sentido?
Sim. Quando começamos nenhum dos grandes festivais de música disponibilizava língua gestual portuguesa ou bilhete de acompanhante. Esse cenário mudou drasticamente nestes dois anos e isso é apenas o princípio de muitas mais mudanças que precisam de acontecer. É preciso visibilidade, representatividade, consequência e capacidade de mudança. É preciso honrar princípios de sustentabilidade e diversidade.
Como sentem que o público em geral reage às vossas iniciativas?
Muito bem. Existe resistência de algumas forças de mercado e o capacitismo está enraizado na sociedade portuguesa, mas o público em geral reage muito bem a todas as ações que temos vindo a construir e dá-nos força para continuar.
Sentem que, atualmente, há mais abertura por parte de organizações corporativas para olhar para as questões da Acessibilidade e Inclusão?
Muito mais. Mas precisamos ainda de mais. A exclusão é um problema social complexo que demora anos a ser resolvido, mais que o nosso tempo de vida. Para fazê-lo é preciso resiliência, humildade, paciência. Há muita urgência por parte das organizações, querem ter todo o Impacto hoje e isso não é possível, temos de equilibrar a balança da melhor forma possível.
Quais são os próximos passos para continuar a escalar a Access Lab e levá-la cada vez mais longe?
Este verão tivemos grandes conquistas: primeiro um jogo em que Cristiano Ronaldo entrou em campo com uma jovem com deficiência, num jogo da seleção portuguesa, depois Dua Lipa conheceu elementos da comunidade Surda portuguesa, no NOS Alive, e ainda estreámos um projeto global de acessibilidade no MEO Marés Vivas, que incluiu pessoas com neurodivergência. São grandes conquistas de mercado e pequenas conquistas no mundo do Impacto e das comunidades. Temos de ser consistentes e continuar o trabalho de formiga para que o impacto se multiplique e entre verdadeiramente nas comunidades.
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