Andreia Coutinho e André Facote são os founders da SZIKO, uma startup que tem como missão alertar a sociedade para o problema da poluição dos oceanos, transformando o plástico daí recolhido em sneakers personalizados.

FOUNDERS DE IMPACTO | ODS 14 – Proteger a vida marinha

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São residentes na Casa do Impacto desde que foram finalistas (2º lugar) no programa de aceleração RISE for Impact. Em que fase do projeto estavam quando decidiram participar e de que forma é que o programa contribuiu para o desenvolvimento da Skizo?

Com toda a aprendizagem que recebemos no programa de aceleração, demos uma volta de 180° no sentido em que delineámos uma estratégia muito mais focada e desenvolvemos um discurso mais “profissional”.

 

A vossa tentativa inicial foi a de sensibilizar e capacitar os pescadores para a recolha de lixo, sendo que 25% do produto que usam no seu fabrico é composto por plástico oriundo dos oceanos e os restantes 75% provenientes da limpeza de praias. Qual o impacto que a vossa abordagem teve na comunidade piscatória nessa fase inicial e como é que sentem que o nível de sensibilização tem evoluído desde aí?

No início foi difícil (a sensibilização) porque estamos a falar da reeducação de uma comunidade com uma história antiga e muito dura, uma comunidade a quem têm sido feitas muitas promessas de melhoria de condições, nem sempre cumpridas. Quando mostrámos que a nossa causa era verdadeiramente a mesma, o nível de sensibilização foi evoluindo, tendo havido cada vez mais trabalhado em prol do mesmo objetivo.

 

Que outras iniciativas é que acham que ainda poderiam ser desenvolvidas no sentido da sensibilização?

O nosso desafio é sempre de ordem logística. Falta-nos mais apoio camarário ou estatal.

 

Recentemente, o documentário Seaspiracy gerou grande buzz à volta do contributo negativo que a indústria piscatória tem para a poluição dos oceanos. Que impacto é que sentem que teve aqui em Portugal?

Não temos uma noção clara do impacto do documentário em Portugal. Sabemos que a indústria piscatória tem um impacto muito negativo na poluição dos oceanos, mas que infelizmente outra grande percentagem dessa poluição parte de terra.  As comunidades de pescadores estão alertadas para o seu contributo negativo. Sabemos que as comunidades de pescadores com quem trabalhamos em Portugal estão a dar o seu melhor para contribuir de forma positiva. A educação e sensibilização são necessárias e urgentes.

 

Recentemente receberam o selo B-Corp. Quais são os atributos que a Skizo reuniu para ser certificada e de que forma é que acham que este selo vai contribuir para o impacto da Skizo?

Estamos de momento a passar por uma auditoria para nos tornarmos B-Corp definitivamente. Ter o selo B-Corp é essencial para qualquer empresa de impacto social ou ambiental, dado que é uma distinção que compromete toda a estrutura da empresa e de toda a cadeia de valor dos seus produtos. É uma forma simples do mercado saber que o que fazemos é real e foi auditado escrupulosamente.

 

Qual o posicionamento estratégico da Skizo para se colocar à escala global?

Neste momento já vendemos os nossos produtos para todo o mercado europeu e da América do Norte e estamos a preparar uma fórmula de replicar a transformação do plástico e das redes de pesca em novos fios, em novos têxteis e novos produtos, em outros países.

 

Umas das formas que encontraram para fazer face à quebra de vendas provocada pela pandemia foi o desenvolvimento de máscaras.  Sentem que a adaptabilidade dos materiais/ serviços, pode ser uma feature que, se pensada desde a ideação, pode ser fator fundamental para a sobrevivência ou não de projetos, em épocas de crise como a que atravessamos com o Covid?

A inovação de transformar plástico em têxtil e com esse têxtil podermos produzir qualquer produto, dá a possibilidade de nos adaptarmos a situações como a pandemia. Uma vez que a Skizo consegue aliar o impacto social ao ambiental, conseguimos perceber o que a comunidade mais necessita, continuando sempre a trabalhar na nossa causa de deixar o oceano e a costa mais limpos.

 

Qual o impacto que a missão da Skizo já teve até ao momento?

Até ao momento a Skizo já limpou uma área oceânica equivalente ao distrito de Lisboa e Porto.

 

Alguma sugestão de leitura ou vídeo relacionado com o ODS 14 que queiram partilhar?

O documentário “Oceanos de Plástico” com a participação da Sylvia Earle, David Attenborough entre outras pessoas, com reconhecido interesse nos Oceanos e no Planeta.

 

Lembramos aqui que a SKIZO foi a startup que arrecadou o segundo lugar na primeira edição do Rise for Impact e que nesse seguimento participou no Road for Impact 2021 no âmbito do tema “Produtos com Impacto | Proteger ou chegar primeiro?”

Revê também aqui a Thursday With Impact | Ação Climática: Ainda vamos a tempo de salvar o Planeta? um evento Live no Facebook que juntou Andreia Coutinho, Co-founder da Skizo by iRcycle, Francisco Guerreiro, Eurodeputado, e Catarina Canelas, Jornalista.

Vê ainda aqui a participação da Casa do Impacto no Planetiers World Gathering no Palco Crédito Agrícola Communities, onde a Skizo conjuntamente com a GoParity, The Equal Food Co. e Hug-a-Group, apresentou um Pitch Live, no Palco MEO Innovation.

 

Founders de Impacto entrevista os empreendedores e fundadores das startups e dos projetos residentes na Casa do Impacto, cuja missão se alinhe com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) trabalhado em cada mês.

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