A Casa do Impacto esteve à conversa com Andréa Freire, co-Founder da Colombina Clandestina, um dos projetos que termina este mês o período de capacitação do programa de aceleração Rise for Impact.

Entramos na reta final do período de capacitação do Rise for Impact e convidamos os 10 participantes a fazerem uma retrospetiva do seu percurso até agora. A 16 de dezembro vamos conhecer os três finalistas do programa que entrarão na fase de incubação, que os levará até ao prémio final, num evento a não perder!

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Na entrevista de hoje, fica a conhecer a Colombina Clandestina, um coletivo cultural independente que que tem como missão a criação de um carnaval contemporâneo e promover a sua expressão popular e libertária.

 

 

Como surgiu a ideia de criação da Colombina Clandestina?

A Colombina Clandestina nasceu em 2017 da coragem de três mulheres que, recém-chegadas a Lisboa, se depararam com a realidade de se tornarem imigrantes. Foi o desejo de levar às ruas um grito pela diversidade, inclusão e alegria de viver que fez nascer, em Alfama, o nosso primeiro e principal projeto: a performance-cortejo de Carnaval. Com um olhar na intersecção entre a Arte, a Cultura e o Território, o Coletivo iniciou um movimento artivista, feminista e LGBTQIA+ que rapidamente cresceu em popularidade. Em 5 anos de existência, a Colombina Clandestina alcançou resultados extraordinários, com mais de 17.000 “público-participantes”150 alunos em suas Práticas Artísticas e 30 Performances no espaço público. O ineditismo da Colombina Clandestina é resultado de uma nova geração de artistas avant-garde, entre músicos, atores, circenses, artesãos, designers, fotógrafos/videomakers e do “público-participante”. Juntos dão um novo significado a festividades populares tradicionais, transformando-as em projetos artísticos de transformação social em massa.

 

Como tiveram conhecimento do Rise for Impact? O que é que vos impulsionou a participar?

Eu já seguia a Casa do Impacto no Instagram e tinha muita vontade de participar nos projetos. Quando vi que as candidaturas estavam abertas nem pensei duas vezes e logo fiz o nosso registo. Foi muito especial termos sido selecionados pois dois integrantes do nosso Coletivo já participaram noutras iniciativas da Casa do Impacto, mas com os seus projetos pessoais, nomeadamente o Guilherme Calegari (Baileia) e o Fabrízzio Suzzi (Vira Lab Wood).

 

Como tem sido a vossa experiência nestes 3 meses de capacitação? Algo que possam destacar?

Transformadora. Na Colombina Clandestina demos um salto quântico na forma como pensamos o projeto tendo em conta a nossa inter-comunidade, como comunicamos os nossos pilares de atuação (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) à sociedade e pudemos também vislumbrar um primeiro equilíbrio financeiro que permita a nossa atuação sem fins lucrativos (financiada até hoje 99% pelos voluntários e público) e com maior aproximação aos apoios governamentais.

 

O que é, como funciona e a quem se dirige a Colombina Clandestina?

A Colombina Clandestina é um Coletivo artivista independente baseado em Lisboa. O Coletivo criou uma inter-comunidade para minorias (mulheres – cis, travestis ou trans, binárias ou não-binárias, imigrantes, afro descendentes e pessoas LGBTQIA+). O nosso objetivo é subverter a normalidade que banaliza a violência e exclusão destes grupos. A Colombina Clandestina promove a ocupação do espaço público com Performances Artivistas que subvertem o “normal” com o objetivo de gerar um impacto positivo, local e social, em massa. A performance é feita pelos indivíduos que aprendem connosco. Não há expectadores, mas sim “público-participantes”. O objetivo é provocar uma mudança de mentalidade na sociedade em geral e novas políticas pelos órgãos públicos.

Todos os anos, a Colombina Clandestina abre novas vagas para nossas Práticas Artísticas. Ensinamos a arte da alegria e partilha, num modelo em que há sempre um professor, mas em que o conhecimento é também transmitido de pessoa a pessoa – onde os mais novos aprendem com os mais experientes. Todos ganham mais confiança em si e tornam-se agentes de subversão das suas próprias realidades. Atualmente está em funcionamento o ciclo “Corpos Desobedientes”, com aulas de Percussão e Expressão Corporal. Em breve, abriremos novas turmas de Sopros & Metais, Pernaltas e Circo.

Carnaval

“A missão da Colombina Clandestina é criar uma comunidade que subverte a realidade e faz da alegria uma força de transformação social. Possuímos 3 “Princípios de Mudança”, alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.”

Para um projeto como o vosso como tem sido lidar com a pandemia? Quais as maiores dificuldades encontradas?

Tem sido um desafio que obriga a Colombina Clandestina a reinventar-se diariamente. A rua está no ADN do nosso Coletivo, vivemos o espaço público e procuramos embuti-lo de novas narrativas, aquelas que no amanhã contarão histórias mais diversas, multiculturais e igualitárias. Apesar das restrições, temos conseguido fazer ajustes nas datas do nosso calendário tradicional, de forma a manter as atividades e garantir a segurança de todos.

 

O que significaria para vocês vencer o Rise for Impact?

Vencer o Rise for Impact seria a prova de que o nosso sonho, que sonhamos juntos, se tornou mesmo realidade! Pode soar clichê, mas no caso do Coletivo, esta frase aplica-se perfeitamente. A prova de que os esforços e o amor que todos os voluntários, alunos, “público-participante” e apoiantes dedicaram à Colombina Clandestina ao longo destes 5 anos contribuíram para juntos darmos mais um passinho na jornada de transformação social.

 

De que forma o projeto contribui para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU?

A missão da Colombina Clandestina é criar uma comunidade que subverte a realidade e faz da alegria uma força de transformação social. Possuímos 3 “Princípios de Mudança”, alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. São eles: o Feminismo, nós trazemos à discussão o papel ancestral e matriarcal da mulher na sociedade e lutamos ativamente pela igualdade de género (Objetivo 5 – Igualdade de Género); a Diversidade, nós defendemos os direitos de grupos minoritários e promovemos o diálogo intercultural, a inclusão de imigrantes e a justiça social para a comunidade LGBTQIA+ (Objetivo 10 – Diminuição das Desigualdades); e Viver a Rua, as ruas são o nosso palco, queremos que os cidadãos exerçam seu direito de as ocupar para lazer, arte e desporto. É urgente impedir a gentrificação que ocorre em Lisboa e criar leis que protejam o espaço público contra a privatização (Objetivo 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis).

 

Em 2025, como veem a Colombina Clandestina?

Até 2025, queremos que a Colombina Clandestina cresça e ganhe escala. Queremos levar a nossa alegria a mais e mais corações. Vamos continuar o trabalho de empoderamento de minorias, a servir como comunidade de apoio e a impactar positivamente zonas marcadas pela gentrificação.

 

 

Descobre tudo sobre a Colombina Clandestina aqui. Fica atento/a, este mês vamos conhecer os 10 projetos que participam na aceleração e que farão o seu pitch no Demoday que decorrerá a 16 de dezembro na Casa do Impacto. A entrada é gratuita mas carece de registo prévio aqui.

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Cortejo Colombina Clandestina