Para a Casa do Impacto e para todo o conjunto do Ecossistema, tal como para a sociedade, é importante que Portugal continue a aposta na Inovação Social para que consigamos acelerar uma trajetória consolidada por vários anos de investimentos, capacitação e dinâmica que já colocaram o país na linha da frente europeia em Inovação Social.

A 25 de setembro de 2015, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, 193 líderes mundiais aprovaram a Agenda 2030. Nas palavras do então secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, esta Agenda seria “a nossa visão comum para a Humanidade e um contrato social entre os líderes mundiais e os povos”.

Passados 5 anos desta aprovação unânime, podemos afirmar que estamos no caminho certo?

A 25 de Setembro de 2019 a ONU organizou a Cimeira dos ODS, para avaliar os progressos já alcançados. Concluiu-se que o que foi feito até agora não é suficiente. Ainda que as questões sociais sejam amplamente conhecidas não conseguimos afirmar que o caminho percorrido tenha sido o esperado, o curso da sociedade e da política mundial tende a desviar-se da linha prevista.

Temos de ser mais ambiciosos. A Década de Ação, lançada pelo atual secretário-geral da ONU, António Guterres, já começou e precisamos de ação reforçada e dedicação sem precedentes para podermos almejar a um mundo sustentável. Falhar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável não é uma opção, o futuro da Humanidade tornar-se-ia imprevisível.

No entanto, nem tudo foram más notícias. Na Cimeira atestou-se o registo de grandes mudanças, por exemplo, a mortalidade infantil diminuiu significativamente, o acesso seguro a água potável registou um aumento de 10 pontos percentuais entre 2000 e 2017, alcançando 71% da população mundial, e a eletricidade chega hoje a 9 em cada 10 pessoas.

Na Casa do Impacto trabalhamos para que todos possamos ouvir mais destas notícias de sucesso. O Empreendedorismo e a Inovação de Impacto contribuem diretamente para alcançar os ODS e são fundamentais para a transformação social e económica. Queres saber a opinião de Inês Sequeira, Diretora da Casa do Impacto, acerca da que acreditamos ser a Era da Inovação Social? Continua a ler.

“A atual pandemia fez parar toda a economia global.” – começou por lembrar a nossa Diretora. “Agora que estamos a trabalhar para o regresso a um “novo normal”, há sectores a funcionar a diferentes velocidades. A Economia Social é um exemplo que se tem distinguido pela rápida adaptação e inovação aos desafios apresentados. Esta área está, de facto, em crescimento e oportunidades não faltam.

A pandemia da COVID-19 trouxe-nos desafios nunca antes vistos com consequências diretas na população. Com os desafios da sociedade a crescer, simultaneamente, as organizações de impacto estão a diversificar a sua ação e a inovar nos seus modelos para conseguirem chegar a quem precisa. Muitos deles já lá estavam, atentos a camadas e problemas específicos e, por isso, conheciam todas as nuances para conseguir responder no imediato, mas muitos outros foram criados especificamente para esta situação, por questões que se agravaram durante a pandemia. Isto deve-se sobretudo ao foco na resolução de problemas específicos, característica do empreendedorismo social que, por sua vez, obriga a maior criatividade e inovação.”

fachada da casa do impacto

Tal como a própria Casa do Impacto, com o lançamento, em Abril de 2020, do acalma.online, uma plataforma online de videoconsultas para apoio psicológico para sintomas relacionados com o confinamento, que esteve ativa durante os 3 meses iniciais da pandemia, há vários outros exemplos, como nos conta Inês Sequeira.

“Vimos exemplos como o movimento tech4COVID19 que em 48 horas juntou mais de 600 empreendedores tecnológicos com soluções inovadoras de combate aos efeitos da pandemia, atualmente mais de 30 no ativo; o Santa Casa Challenge Extra COVID-19 que recebeu mais de 70 candidaturas de projetos de impacto e investiu 50 mil euros nos projetos Ally Smart Check-ins da Altice Labs e Smart-AL, duas soluções tecnológicas de apoio e a idosos; a SPEAK que abriu gratuitamente os seus cursos de línguas; a ubbu que abriu também as licenças do software para que as crianças em casa pudessem prosseguir com as aulas de programação; a <Academia de Código_> que lançou recentemente mais cursos com alta empregabilidade e acordos com outras entidades para facilitar o pagamento dos bootcamps; a GoParity aproveitou o seu know-how em campanhas de angariação de fundos e recolheu 185 mil euros para material hospitalar; dezenas de empresas privadas que se reinventaram e passaram a produzir material de proteção para todos nós; e estes são apenas alguns exemplos.

Todas estas soluções partiram da sociedade, empresas privadas e públicas que assumiram a responsabilidade e quiseram agir e contribuir em uníssono em prol da sustentabilidade económica e social – duas realidades que não podem ser separadas quando se busca a resolução de problemas. Portugal foi elogiado por diversos players, estudos e publicações internacionais pela inovação que trouxe neste período. A urgência e benefícios da colaboração e cocriação trouxeram-nos isto.”

Em Portugal, o ecossistema de inovação e empreendedorismo social surgiu há cerca de uma década, e tem vindo a evoluir com o apoio de programas e instituições no âmbito de vários Quadros Comunitários, tendo tido grandes avanços no Portugal 2020 com o desenvolvimento da iniciativa Portugal Inovação Social. Na Casa do Impacto orgulhamo-nos de ser o pólo de inovação no qual convergem todos os players do Ecossistema do Empreendedorismo de Impacto do país.

“Nós estamos em contacto com os empreendedores e percebemos a importância de criar linhas de investimento e apoio para projetos de impacto; ao mesmo tempo, queremos desafiar novos empreendedores a criar mais negócios de impacto social, uma vez que têm todas as ferramentas que necessitam na Casa do Impacto – somos uma one-stop-shop para empreendedores em Portugal. Damos acesso a diferentes soluções para diferentes fases de negócio – o +Plus, um fundo filantrópico que pretende estimular o ecossistema de empreendedorismo social e conta com uma verba de 500 mil euros por ano para possibilitar o teste de novas ideias com potencial de impacto social e ambiental; e o RISE for Impact, um programa de aceleração e capacitação para negócios em fase de validação de ideia e acesso a um prémio de 10.500 mil euros. Ainda o Santa Casa Challenge, um concurso de inovação digital para projetos de impacto com um prémio de 15 mil euros para o primeiro lugar.

Outras instituições como o Portugal Inovação Social, a MAZE, a Fundação Calouste Gulbenkian, ou o Banco Montepio disponibilizaram também capital acessível para as iniciativas de impacto, para potenciar novas e inovadoras soluções e estimular a escala destes negócios para que cheguem onde são precisas.”

No panorama atual podemos confiantemente afirmar que o inconformismo e o sentido de missão dos empreendedores de impacto nunca foi tão importante.

“Mas não será apenas durante a pandemia que esta tendência de crescimento do ecossistema de impacto se vai verificar. Acredito que no Pós-COVID-19, por termos ficado alerta para a necessidade de projetos com preocupações sociais, vamos ter um ecossistema saudável e inovador que vai continuar a prosperar e a crescer. Em particular nas áreas da educação (com o aparecimento de novos modelos) e na área da saúde mental (pela maior consciência das necessidades associadas), na área do envelhecimento, as soluções vão continuar a surgir. Estamos a viver um desafio e uma oportunidade ao mesmo tempo. Oportunidade para inovar, democratizar e escalar as experiências de aprendizagem.”

Mapeámos o Ecossistema do Empreendedorismo de Impacto através de uma infografia que inclui os players mais relevantes que diretamente influenciam ou foram influenciados pela atividade da Casa do Impacto nos seus 2 anos de existência.

“Na Casa do Impacto queremos ter um papel unificador entre as várias realidades, criar pontes e intersecções entre os vários setores: público, privado e da economia social – onde a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem tido um papel decisivo e mobilizador ao longo de várias gerações, e que encontra agora na Casa do Impacto mais uma vertente – o empreendedorismo e inovação de impacto naquela que consideramos ser a Era da Inovação Social.”

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Bloco de notas com apontamentos e um lápis