Hoje é o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência e nós celebramos o trabalho da Academia de Código, que debaixo do teto da Casa do Impacto, já ajudou a <re>programar a vida de muitas mulheres, capacitando-as como Software Developers em apenas 14 semanas.

Dados globais apresentados por agências especializadas da ONU, nomeadamente pela UNESCO mostram que as mulheres já alcançaram a paridade (45-55%) nos graus de bacharelato e mestrado e que já estão perto de alcançá-la no grau de doutoramento (44%).

Contudo, a diferença de género aumenta à medida que as mulheres progridem nas suas carreiras académicas e diminui em cada degrau sucessivo: de estudante de doutoramento a professora assistente, a diretora de investigação ou a professora titular. São também duas vezes menos convidadas para representar painéis em conferências científicas e a sua expressividade nas STEAM (área das ciências, tecnologias, engenharias, artes e matemáticas) ainda não é suficiente.

  • > apenas 33% da investigação científica é feita por mulheres, que recebem menos financiamento em bolsas de investigação e que têm menos probabilidade de progredir na carreira
  • > representam somente 22% das profissionais no ramo da inteligência artificial (AI)
  • > somente 28% são licenciadas em engenharias e 40% em ciências da computação
  • > no setor privado, desempenham menos papéis de liderança em empresas e em cargos técnicos e de direção, nas indústrias tecnológicas
  • > fundadoras de startups lutam mais para ter acesso a financiamento e são as mais propensas a deixar o campo de tecnologia, muitas vezes citando fracas perspetivas de carreira 

Para ser inteligente (SMART), a revolução digital tem de ser inclusiva

As mulheres precisam de integrar a economia digital, nomeadamente para evitar que a Indústria 4.0 e o impacto da AI nos produtos do futuro (por exemplo apps digitais) não vejam representados as suas necessidades.

A diversidade na investigação científica e tecnológica expande horizontes, trazendo novas perspetivas, talento e criatividade, mas que para tal aconteça são necessárias políticas e programas verdadeiramente transformadores, capazes de eliminar estereótipos com base no género.

É preciso garantir que as mulheres e as meninas não estão apenas a participar, mas que estão também a ser capacitadas para liderar e inovar. O apoio de políticas laborais e culturas organizacionais que garantam a sua segurança, considerem as suas necessidades como mães e as incentivem a avançar e prosperar nessas carreiras, são fundamentais.

No passado Fórum Geração Igualdade (Generation Equality Forum) foi lançada uma Ação de Coligação para a Tecnologia e Inovação na qual vários stakeholders se uniram para assegurar um compromisso de duplicar a proporção de mulheres nas áreas da tecnologia e inovação até 2026 e garantir que possam participar plenamente na procura de soluções para os maiores e mais complexos desafios da atualidade.

O banco de dados Request a Woman Scientist, é uma das respostas à discriminação de género na ciência, que conecta uma rede multidisciplinar de mulheres cientistas com quem precise de consultar, convidar, colaborar ou identificar uma especialista. Prémios de prestígio são outra formar de mostrar excelência, como é exemplo o Programa L’Oréal–UNESCO For Women in Science que já conta 23 anos. Em 2019, o programa estendeu os prémios às áreas da matemática e ciências da computação, em reconhecimento à falta de visibilidade das mulheres no epicentro da 4ª Revolução Industrial. Em 2019, Joana Cabral foi distinguida com Medalha de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência, com o seu estudo pioneiro sobre redes neuronais.

A participação e reconhecimento das mulheres nas áreas da tecnologia em Portugal, também tem sido impulsionada com iniciativas como a Portuguese Women in Tech (PWIT). Lançada em 2016 por Liliana Castro e Inês Santos Silva, tem a dupla missão de apoiar as mulheres na tecnologia dando-lhes visibilidade, networking, mentoria, formações, entre outras oportunidades; e atrair mais mulheres e meninas para estas áreas, aumentando assim o pipeline. A PWIT foi incluída no The State of European Tech 2020, como uma das 25 melhores organizações e iniciativas europeias, que trabalham com diversidade e inclusão.

Nomeada em 2018 para a categoria de Community Leader do PWIT esteve Catarina Campino, Cou-founder, <Head of Coolture> && <Head of Detail> && <Bootcamp Momma> @ <Academia de Código>, umas das startups parceiras de berço da Casa do Impacto.

E é nas boas-vindas de cada novo bootcamp, que a Catarina relembra que a primeira pessoa a se destacar na área da programação foi uma mulher, a britânica Ada Lovelace, em pleno século XIX. E é em toda a duração de cada bootcamp, que podemos vê-la esforçar-se “para arrancar mentes talentosas do desemprego e das garras de trabalhos sem saída, ajudando-os (com sucesso) a passar por bootcamps de programação full-stack intensivos e imersivos.”

A <Academia de Código> afirma saber melhor que ninguém o quão difícil é mudar radicalmente de vida, mas desde 2015 que soma testemunhos de milhares de Alumnis com histórias de vida reais e finais felizes. Pessoas “com talento e determinadas a abraçar a programação como carreira, sem nunca antes terem visto uma única linha de código”.

Além de ensinar a programar, promete também ajudar na procura da empresa certa para cada um dos seus cadetes, acompanhando-os em todos os passos na direção de uma carreira na programação (apresenta uma taxa de empregabilidade de 97%).

São 14 semanas intensivas e imersivas onde os alunos experienciam um ciclo de “#EatSleepCodeRepeat (fórmula-chave para que percam o medo de uma área, completamente desconhecida para muitos). Prometem “uma montanha-russa de emoções” e um grau de dificuldade “insanely awesome.”.

 Pelo total de bootcamps decorridos desde 2015, foram já impactados mais de 1387 alunos, dos quais quase 20% eram mulheres (% crescente de ano para ano)!

Lisboa, Porto e Terceira (Açores), são as cidades em território nacional onde decorrem regularmente 3 bootcamps por ano, sendo que em 2020 Aveiro somou mais 3.

A estes somam-se ainda outros projetos-piloto, nomeadamente o que decorreu no Fundão, entre 2017 e 2019, sob o , parte da 1ª edição de Títulos de Impacto Social, do Portugal Inovação Social. Pelos 9 Bootcamps do TIS BAC passaram um total de 174 participantes, dos quais 16% eram mulheres, refletindo a tendência geral de distribuição de género na área da programação informática.

Ainda em território internacional, implementaram 2 projetos-piloto, um na Holanda e outro em Cabo-Verde. A convite do Secretário de Estado para a Inovação e sob o Programa Cabo Verde Digital, implementaram o <Code for All Cabo Verde> na Cidade da Praia, impactando positivamente a vida de 22 cadetes, 80% dos quais terminaram com um contrato na área.

António Castro, atual da , foi do , sobre o qual diz O sentimento de sucesso do projeto e de missão cumprida da equipa envolvida, passou não só pelo ensino e desenvolvimento das competências a 22 talentosos Code Cadets, como pela possibilidade de lhes proporcionarmos sonhar com uma vida e uma carreira que, de outra forma, dificilmente poderiam alcançar. Acima de tudo sentimos que lhes demos uma visão diferente, mais alargada e inclusiva do mundo e que fomentámos neles uma inquebrável vontade de serem mais e melhores em tudo o que fazem.

Ao <Code for All Cabo Verde>, apenas se candidataram cerca de 4 raparigas, mas nenhuma passou nos testes de seleção. Este dado leva-nos de volta aos dados da ONU sobre o “impacto da pandemia na educação e no acesso às tecnologias das meninas em países em desenvolvimento”, tema que publicámos recentemente aquando do “Dia Mundial da Educação”.

Com os pés na Terra, na Lua ou em Marte, o importante é incentivar mais mulheres e meninas a não desistirem dos seus sonhos!

E se foram os conhecimentos de código de Margaret Hamilton que permitiram que Neil Armstrong e Buzz Aldrin pisassem o solo lunar durante a missão Apollo 11, poderá ser agora também uma mulher, a mais jovem treinee de sempre da NASA, a dar os primeiros passos em Marte. Com apenas 20 anos, Alyssa Carson é um modelo de inspiração para milhões de meninas em todo o mundo que sonham em exercer carreiras (e de topo) nas STEM. Foi pelo sonho de ver outras crianças poderem concretizar os seus sonhos, que fundou a Blueberry Foundation, uma instituição que atribui bolsas a crianças, que de outra forma, nunca teriam a possibilidade de concretizar os seus sonhos.

 

OPEN CALLS

E por falar de incentivar os mais jovens nas STEAM… Ubbu é nome do “filhx” da , um projeto que trabalha a literacia de código na educação básica e que iremos destacar em Abril no Dia Internacional das Meninas nas TIC.

E ainda, sobre o papel das mulheres na tecnologia… Esta é também, uma questão cada vez mais relevante para a Web Summit. Em 2021, já 44,5% dos participantes eram mulheres, devido ao empurrão do programa Women in Tech, lançado em 2016. E foi na Web Summit, que a Casa do Impacto lançou pela primeira vez o Santa Casa Challenge, concurso de inovação social digital cuja 7ª edição está agora em OPEN CALL.

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duas raparigas em frente a computador